Balada do tempo de Maio - Agatha Christie

sábado, 1 de dezembro de 2007

 


" O Rei foi passear, numa bela manhã de Maio.


O Rei deitou-se a descansar e dizem que dormiu.


Quando despertou era de noite (a hora mágica).


E a Campânula Azul, a bravia Campânula Azul, andava bailando pelo bosque.


O Rei deu um banquete a todas as flores (excepto uma).


Com olhares ansiosos, ele as espiava, buscando uma única.


A Rosa estava ali, vestida de cetim.


O lírio, com seu capuz verde.


A Campânula Azul, porém, a bravia Campânula Azul, só baila pelos bosques.


o Rei franziu o rosto, irado, com a mão no cabo da espada. Mandou seus homens capturá-la e trazê-la a seu senhor.


Com cordas de seda a amarraram. Perante o Rei se apresentou a Campânula Azul, a bravia Campânula Azul, que baila pelos bosques.


O Rei ergueu-se para saudá-la, à donzela com quem jurara casar.


O Rei tomou sua coroa de ouro e colocou-a na cabeça da flor.


E o Rei empalideceu e tremeu.


Os cortesãos olhavam, atemorizados para a Campânula Azul, cor de cinza, que parecia um fantasma.


- Ó Rei, vossa coroa é pesada, fará curvar minha cabeça. As paredes de vosso palácio seriam uma prisão para mim, que sou livre como o ar. O vento é meu amante. O Sol também é meu amante.


E a Campânula Azul, a bravia Campânula Azul, jamais será vossa Rainha!


O Rei por doze meses proclamou luto e nada abrandava sua dor.


O Rei caminhava pelo atalho dos namorados.


Jogou fora a coroa de ouro.


E correu para o bosque, onde a Campânula Azul, a bravia Campânula Azul, para sempre baila, bravia e livre."

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